Resenha: Eu Conheço Uzomi – Kinaya Black

Já pensou em ler uma distopia no Ceará? Confesso que estava acostumada aos mundos com sociedades pós-revolucionárias/pós-apocalípticas que se passavam em cidades dos Estados Unidos e não me passou pela cabeça que uma cearense escrevesse um livro de ficção ambientado aqui. Acompanhe:

Imagem retirada da divulgação
no Facebook da autora.

Na nossa estória, somos apresentados a um mundo onde o acesso à televisão e à internet tornou-se caríssimo. Os governantes culparam os pobres pela poluição do meio ambiente, eximindo as grandes empresas da sua parcela nesse cenário.

Nossa primeira personagem é Hadassa, uma professora que mora com sua família em uma casa com um pequeno terreno, em que plantam o que podem para sobreviverem.

Nesse mundo, pessoas lutam para conseguir moradias. E foi assim que a escola em que Hadassa trabalhava foi invadida e ela foi hostilizada e agredida. A educação não era de relevância, pelo menos a educação destinada aos pobres.

Sem emprego, a preocupação de nossa heroína era colocar comida na mesa, até que ela viu um anúncio de uma fábrica de um vereador que estava precisando de gente para trabalhar e acaba aceitando a oportunidade.

Ela nota que sempre adormece no ônibus no caminho da ida e também na volta. Isso a deixa intrigada, pois ela não lembra qual o trajeto específico para a fábrica.

Depois de um tempo nessa dinâmica, um dos funcionários da fábrica desaparece.

Imagem: Freepik.

Durante as viagens de ônibus, ela conhece Uzomi e comenta com ele que os sintomas deles são de intoxicação, mas que um amigo pretende ajudá-la.

Esse amigo é Duane, que fazia faculdade de Medicina, mas não chegou a terminar, e, sem revelar muito mais desse roteiro, o jovem entrega uma droga para evitar que Hadassa e Uzomi durmam no ônibus.

Assim vai se desenrolando a trama e vamos percebendo que as intenções por trás da fábrica não eram apenas produzir e gerar empregos. Estou ansiosa pela continuação, quero saber como esses segredos vão ser solucionados.

Isso porque esse livro não é volume único e a estória de Uzomi e Hadassa não termina por aqui e dentro desse livro vemos até algumas explicações de termos típicos do Ceará, como chamar de inverno o período chuvoso.

Achei bem interessante a construção desse mundo em que as pessoas estão “incomunicáveis” sem internet e sem telefone. Nele, um simples telefonema custa bem caro.

Gostei também da ambientação no Ceará. A maioria das estórias que vemos se passa nos Estados Unidos ou em cidades e países fictícios, é realmente uma grata surpresa ver meu Ceará num enredo tão “massa”, como falamos aqui.

O livro é curtinho, se estiver com tempo pode ler em um dia. Tanto a autora Kinaya Black quanto o ilustrador Rômulo Fideles são de Quixeramobim, no Ceará.

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