Resenha: A Terra Será Azul – João Batista de Andrade

O livro A Terra Será Azul traz a história de uma ficção científica futurística que se divide entre a Terra do ano de 2032 e a Comunidade, uma sociedade altamente desenvolvida.

Capa do livro. Fonte: imagens públicas do Google.

No passado, uma parte da Terra foi jogada em direção ao espaço. Nessa porção do planeta, desenvolveu-se uma civilização ligada à natureza de forma harmônica, dando origem à Comunidade.

A Comunidade é responsável por povoar outros planetas e também por destruir planetas cuja civilização julgarem estar fracassadas. Para isso, existe a Nave Fiscal, com dois seres distintos que acompanham o desenvolvimento dos mundos: Piter e Ilosz.

Da Nave Fiscal, eles viam uma sociedade cheia de conflitos por terras, por comida e por poder. A camada de ozônio estava poluída, o lixo tomava as ruas, as pessoas se isolavam em suas casas com medo da violência e os recursos estavam cada vez mais escassos.


Quando chegou o fim do tempo para que a Terra resolvesse seus conflitos humanos e ambientais, Ilosz pediu uma prorrogação: enviariam um ser para o planeta e ele teria 20 anos para resolver esses conflitos.

O casal escolhido era formado por Lázaro e Helena, que não podia ter filhos. Uma luz envolveu Helena e plantou nela a semente de um novo ser. Entretanto, ao invés de usar os embriões da Nave Fiscal, Ilosz implantou seu próprio, tornando o enviado seu filho.



Em 25 de dezembro de 2033 nasceu um menino loiro de olhos azuis, que se chamaria Guéri. Lázaro desconfiou que não era seu filho, pois ele e sua esposa tinham pele morena e cabelos escuros. Poucas horas depois, Helena faleceu.

O pai não conseguia amar a criança e, num surto de raiva, colocou o menino em um cesto e o abandonou numa rodovia. Nessa hora, um ser de outro planeta apareceu para o índio Lucas em sonho e pediu que salvasse a criança.

Lucas foi até a rodovia e levou o menino consigo. Nessa altura, Lázaro se arrependeu a voltou ao local, mas viu apenas os restos do cesto destruído pelos carros.

O índio que adotou Guéri era o último de seu povo e criou o menino como seu filho e ensinou-lhe sua língua e seus costumes. Ele acreditava que o garoto era Yaksin Tóon, que na língua do seu povo Aiowaa era quem tinha dado origem a sua nação indígena.

Quando Guéri tinha 10 anos, Lázaro invadiu as terras de Lucas e o menino usou seus poderes para espantá-lo, mas ele prometeu voltar para se vingar.

Os conflitos por terras haviam se intensificado e o índio achou mais seguro entregar o menino para um casal que também morava em Olhos D’Água, mas distante de sua cabana.

O menino teve alguns problemas para se adaptar à nova escola, mas sabia que deveria esconder seus poderes. Nessa nova família, ele se deu muito bem com todos, especialmente com a filha do casal, Ana.

Fora do seu lar, os conflitos por terras estavam se agravando. As máquinas tinham tomado muitos empregos (incluindo recolher o lixo), o que ocasionava uma revolta entre os lixeiros, que as destruíam, ocasionando um acúmulo de lixo nas ruas.

Muitos cidadãos já não saíam mais de suas casas, pois temiam a violência. Eles se ocupavam com máquinas de esportes, máquinas de sonhos e os noticiários manipulados, que mostravam um mundo sem problemas e cheio de beleza que já não existia mais.

A humanidade estava entrando em colapso e Guéri sabia de sua missão: reverter essa situação antes que fosse tarde demais. Em meio a isso, recebe uma notícia que Lucas havia se ferido num conflito de terras.

A família toda vai até lá, mas Lucas se recusa a sair de suas terras e morre nos braços de seu filho. Nos próximos quatros anos, Guéri fica anestesiado pela dor da perda de seu pai. Mas ele já tem 19 anos e a Terra está ficando sem tempo: havia apenas um ano restante para que fosse destruída.

Um fato mudou esse estado: um programa pirata mostrou o líder dos lixeiros, conhecido como GP, revelando seu discurso de que tinham destruído as máquinas coletoras de lixo e que as ruas estavam tomadas de sujeira, obrigando os cidadãos a saírem de suas casas.

Imagem: Freepik.

Guéri sabia que tinha que encontrá-lo e ajudar nesse movimento, pois os humanos não podiam viver em suas casas apenas se distraindo, alheios à falta de empregos e de recursos.

Entretanto, ele descobriu que o discurso de GP não era só para melhorar o mundo, ele queria comandá-lo. Isso foi logo percebido por Dimas, o líder dos cidadãos, fato que dificultava que ambas as partes chegassem a um acordo.

Além desses grupos, haviam os Miseráveis, pessoas totalmente desprovidas de recursos que saqueavam as máquinas de entregar suprimentos e destruíam casas.

Havia conflito por cima de conflito e, pelas lentes da Nave Fiscal, Piter previa a destruição da Terra. O prazo havia chegado ao fim e ele iniciava o programa para transportar Guéri para a nave e destruir a Terra.

Temendo por seu filho, Ilosz destruiu alguns circuitos para atrasar a tragédia. Na Terra, os grupos dos cidadãos e dos lixeiros estavam se unindo para enfrentar o caos do lixo nas ruas e dos ataques dos Miseráveis.

Nessa confusão, Guéri encontra Lázaro e afasta com seus poderes um grupo que ameaçava seu pai. Ele pede desculpas por causar a morte de Helena e Lázaro também se mostra arrependido.

Em meio ao conflito, aparece a Nave Fiscal, pois com os circuitos quebrados, Piter vem buscar Guéri pessoalmente. A multidão pede para ele ficar, mas o extraterrestre ameaça destruir tudo se o jovem não o acompanhar.

Guéri decide ir com ele desde que a Terra seja poupada, promessa que Piter faz sem a intenção de cumprir. Sabendo disso, Ilosz fecha a porta da nave antes que eles entrem, para proteger seu filho.

Ele sabe que Piter não sobreviveria muito tempo com o ar poluído da Terra. Consciente dos crimes que cometera para proteger seu filho, Ilosz leva a nave para o espaço e a destrói, para garantir que ninguém tente exterminar o planeta Terra, que, com o esforço e união de todos, voltará a ser azul.

O que achei do livro

Embora seja uma ficção científica, esse livro traz alguns alertas pertinentes e que merecem ser ressaltados. Um deles é o fato de as pessoas ficarem anestesiadas nas máquinas de lazer, o que lembra nossas redes sociais, que consomem horas que poderiam ser usadas em outras atividades.


É claro que cada um usa seu tempo como quiser, mas não podemos esquecer de nós mesmos, de nos exercitarmos, de fazermos coisas para nós, de convivermos com amigos e com a família. Precisamos dividir bem nosso tempo.

O conflito de terras ainda é bastante visível, como movimentos de latifundiários e pequenos produtores, que às vezes culmina em mortes. As terras indígenas sendo invadidas por latifundiários, ou mesmo sendo desocupadas para a construção de hidrelétricas.

Além desses conflitos, temos a questão ambiental que somos nós que causamos pelo nosso estilo de vida. O cenário catastrófico do livro pode chegar a acontecer se não repensarmos nossos hábitos.

Por fim, mesmo com o exagero da ficção, esse livro nos mostra muitos problemas da nossa sociedade e nos convida a repensar a forma que nos relacionamos com nós mesmos, com o outro e com o planeta. É uma leitura válida e muito atual.

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