Quando
pensamos em lógica e raciocínio nos lembramos de Sherlock Holmes, o famoso
detetive, sempre acompanhado de seu ajudante Watson. Mas como Sherlock chega às
suas conclusões? É isso que vamos explicar. Acompanhe:
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Fonte: imagens públicas do Google. |
Quando
um enunciado é feito, duas questões importantes podem ser imediatamente
colocadas: de que maneira chegou a ser concebido? Que razões existem para
aceitá-lo como verdadeiro?
Trata-se
de duas questões diferentes. Seria um grave erro confundi-las, e um erro pelo
menos tão sério quanto esse é confundir as respostas.
A
primeira pergunta relaciona-se com a descoberta; as circunstâncias lembradas
por ela formam o contexto de descoberta.
A
segunda relaciona-se com a justificação; assuntos que aqui se tornam relevantes
cabem no contexto de justificação.
Sherlock
Holmes é um bom exemplo de pessoa com soberbos poderes de raciocínio. Sua
habilidade ao inferir e chegar a conclusões é notável. Não obstante, a sua
habilidade não depende da utilização de um conjunto de regras que norteiam o
seu pensamento.
Holmes
é muito mais capaz de fazer inferências do que o seu amigo Watson. Holmes está
disposto a transmitir seus métodos ao amigo, e Watson é um homem inteligente.
Infelizmente,
contudo, não há regras que Holmes possa transmitir a Watson, capacitando-o a
realizar os mesmos feitos do detetive.
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Mangá do Sherlock Holmes. Imagem: divulgação. |
As
habilidades de Holmes defluem de fatores como a sua aguda curiosidade, a sua
grande inteligência, a sua fértil imaginação, seus poderes de percepção, a
grande massa de informações acumuladas e a sua extrema sagacidade.
Nenhum
conjunto de regras pode substituir essas capacidades. Se existissem regras para
inferir, elas seriam regras para descobrir.
Na
realidade, o pensamento efetivo exige um constante jogo de imaginação e de
pensamento. Prender-se a regras rígidas ou a métodos bem delineados equivale a
bloquear o pensamento.
As
ideias mais frutíferas são, com frequência, justamente aquelas que as regras
seriam incapazes de sugerir.
É
claro que as pessoas podem melhorar as suas capacidades de raciocínio pela
educação, através da prática, mediante um treinamento intensivo. Isso tudo,
porém, está longe de ser equivalente à adoção de um conjunto de regras de
pensamento.
Seja
como for, ao discutirmos as específicas regras da lógica, veremos que elas não
poderiam ser encaradas como adequados métodos de pensar.
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Imagem: Freepik. |
As
regras da lógica, se fossem aceitas como orientadoras dos modos de pensar,
acabariam se transformando numa verdadeira camisa de força.
O
que acabamos de dizer pode causar certo desapontamento. Frisamos de modo
enfático o lado negativo, esclarecendo aquilo que a lógica não pode fazer. Mas,
então, para que serve a lógica?
A
lógica nos oferece métodos de crítica para avaliação coerente das inferências. É
nesse sentido, talvez, que a lógica está qualificada para dizer-nos de que modo
deveríamos pensar.
Completada
uma inferência, é possível transformá-la em argumento, e a lógica pode ser
utilizada a fim de determinar se o argumento é correto ou não.
A
lógica não nos ensina como inferir: indica-nos, porém, que inferências podemos
aceitar. Procede ilogicamente a pessoa que aceita inferências incorretas.
Para
poder apreciar o valor dos métodos lógicos, é preciso ter esperanças realistas
quanto ao seu uso.
Quem
espera que um martelo possa efetuar o trabalho de uma chave de fenda está fadado
a sofrer grandes desilusões. Quem sabe usar um martelo conhece sua utilidade.
A
lógica interessa-se pela justificação, não pela descoberta. Ela fornece métodos
para a análise do discurso, e essa análise é indispensável para exprimir de
modo inteligível o pensamento e para a boa compreensão daquilo que se comunica
e se aprende.
Como
diria Albert Einstein: “A lógica pode levar de um ponto A a um ponto B. A
imaginação pode levar a qualquer lugar”.
Fonte:
SALMON, Wesley C. Lógica. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 1987. p. 28-29.
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