Resenha: Documentário Lixo Extraordinário

O documentário Lixo Extraordinário fala sobre o trabalho do artista Vik Muniz realizado junto aos moradores de Jardim Gramacho, o maior lixão a céu aberto do mundo. Acompanhe:

Cartaz do documentário. Fonte: imagens públicas do Google.

Inicialmente, conhecemos o artista Vik Muniz, o qual faz das suas obras peças com dupla perspectiva: de longe você vê o desenho e quando chega perto, você vê o material. Guarde essa informação.

Vemos um pouco da vida dele com sua família nos Estados Unidos e como ele está sondando a comunidade de Jardim Gramacho para passar dois anos lá e realizar seu próximo trabalho.

Durante uma conversa com sua esposa, ela se mostra apreensiva diante da escolha do marido, por questões de saúde e de segurança dele, por se tratar de um lugar com alta insalubridade e completamente à margem da sociedade.

O próprio Vik comenta que aquele local é o fim da linha. É para onde vai tudo que a sociedade brasileira não valoriza mais, seja o lixo ou as pessoas.

Chegando lá, ele fica impactado por ver frente a frente a quantidade de lixo que existe ali. São montanhas e mais montanhas de lixo e a todo momento chegam mais caminhões para despejar mais e mais rejeitos.


Assim que o caminhão descarrega seu conteúdo, os catadores vão com seus tambores para recolher o lixo e separar por tipo de material, cor e tamanho, para depois revender para empresas de reciclagem. É assim que eles ganham a vida.

O artista começa a interagir com os catadores e cada um vai contando sua história de vida. Alguns estão lá há pouco tempo e outros estão lá há décadas.

Conhecemos Sebastião, ou Tião, o líder local. Ele nos mostra que sua paixão pela leitura começou quando achou o livro O Príncipe, de Maquiavel, em bom estado no meio do lixo. Assim, cada livro que achava era uma nova descoberta para ele.

Começamos a perceber que eles não são pessoas tão diferentes de nós. Eles se mostram pessoas de muita garra, que buscam fazer seu trabalho com muito esforço, mas que é pouco reconhecido, ainda que seja tão importante para diminuir a quantidade de lixo no planeta.

Leia também esse artigo sobre um futuro onde o lixo dominou o mundo:


Ao contrário do que se pensou no começo, os moradores daquela localidade são pessoas que mantêm o bom humor, mesmo trabalhando com lixo o dia inteiro.

Após esse primeiro contato, Vik pede para tirar algumas fotos deles, para dar início ao seu trabalho artístico. Será a partir de algumas dessas fotos que ele irá produzir sua obra.

Para começar a criar a obra propriamente dita, somos levados a um enorme galpão com o chão branco. Lá, existe um projetor que projeta em larga escala no chão uma das fotos que foram tiradas dos catadores.

Utilizando os materiais que eles próprios recolhem, vão dando forma às imagens fielmente. Depois que o grande painel é formado, alguém tira fotos de cima. Em seguida, eles desfazem tudo e repetem o mesmo processo com outra foto.

Processo de criação das fotos. Fonte: imagens públicas do Google.

Após completar uma coleção de fotos, o trabalho está terminado. Vik vai para Londres leiloar as obras e convida Tião para ir com ele. É uma experiência enriquecedora para ele.

As obras foram vendidas por 28 mil libras, que na época valiam cem mil reais. Esse valor foi doado a Tião para investir na melhoria de vida da população de Jardim Gramacho.

De volta ao Brasil, todos os envolvidos estão empolgados para ver uma exposição em que estão os quadros que eles fizeram com suas mãos e os materiais que eles mesmos cataram do lixo.

De longe, é possível ver a imagem deles, mas chegando perto, é possível ver o material que forma a obra. Vemos que tudo pode virar arte, até o lixo.

É notável a empolgação deles, cada um apontando para as obras, mostrando quais partes eles fizeram, pois eles foram uma peça chave de tudo isso.

Ao final, vemos que essa experiência com a arte mudou a forma como eles enxergam a vida. Deu a eles um novo olhar sobre eles mesmos, que eles podem fazer algo diferente e que eles são capazes de ser inspiradores.

O próprio Vik reflete sobre como sua vida poderia ter sido igual a deles, pois sua origem também é humilde. Ele fala sobre como hoje em dia ele já não pensa tanto em acumular coisas.

Ele fala ainda que eles são ótimas pessoas, apenas não tiveram tantas oportunidades na vida. Vemos que a opinião dele muda completamente após conhecer e conviver com os moradores de Jardim Gramacho.

Escrito na foto: Salve o mundo.
O plástico que descartamos vai parar no oceano e
causa a morte de muitos animais marinhos.
Imagem: Freepik.

Uma breve reflexão

Esse documentário é importante para refletirmos sobre vários aspectos de nossas vidas. Primeiramente, acho que devemos olhar para nossos privilégios e agradecer aos nossos pais por nos proporcionarem um mínimo de conforto e oportunidade de estudar.

Parece normal quando se tem acesso a tudo isso, mas para algumas pessoas é um sonho ter um local onde morar.

Vemos também que precisamos repensar a nossa forma de consumir, pois geramos muito lixo, que polui o meio ambiente e acaba trazendo consequências para a natureza e para nós mesmos.

E vemos também o quanto o profissional catador é desvalorizado, pois notamos que eles trabalham duro, ajudam a diminuir o lixo no planeta e ainda assim mal conseguem sobreviver com o que ganham.

Já usei esse documentário para trabalhar com meus alunos a temática da reciclagem e recomendo a qualquer professor de Biologia, História ou Sociologia que queira trabalhar uma aula diferenciada com seus alunos, vale muito a pena esse novo olhar sobre a vida que é mostrado nele.

Tenho também um artigo com uma lista de exercícios sobre tempo de decomposição dos materiais para se usar em uma aula de Matemática ou Biologia. Segue abaixo o link:


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