A história geológica da formação do petróleo do pré-sal

O petróleo do pré-sal surgiu de um rico depósito de matéria orgânica (restos de plantas e animais) que, desde 135 milhões de anos atrás, foi prensado por grossas camadas de rocha e sal, transformando-se em petróleo. Acompanhe:

Fonte: Imagens públicas do Google.

O estrato do pré-sal está a cerca de 7.000 metros de profundidade, embaixo de uma camada de sal de mais de 2 quilômetros de espessura (daí o nome pré-sal). Os poços ocupam uma faixa de 800 quilômetros do litoral brasileiro, que se estende de Santa Catarina ao Espírito Santo.

Estima-se que lá estejam guardados cerca de 80 bilhões de barris de petróleo e gás, o que deixa o Brasil na privilegiada posição de o sexto maior detentor de reservas no mundo, atrás apenas de: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes.

A formação do petróleo está relacionada ao movimento das placas tectônicas e à formação das bacias sedimentares. Há 185 milhões de anos, África e América do Sul faziam parte de um único e imenso continente chamado Gondwana (a outra porção continental da Terra chamava-se Laurásia).

Em virtude das forças de convecção causadas pelo resfriamento do magma, as placas tectônicas começaram a se afastar, provocando uma fratura entre os dois atuais continentes.
Laurásia e Gondwana: período triássico, há 200 milhões de anos atrás.
Fonte: imagens públicas do Google.

Com o afastamento das placas tectônicas, as águas das chuvas passaram a se acumular nas falhas geológicas, dando origem a grandes lagos de água salobra e quente.

Fundos e com baixo nível de oxigenação, esses lagos acabaram se transformando em grandes depósitos de matéria orgânica, como folhas e animais mortos, que também se acumulavam em seu interior.

Enquanto os continentes continuavam se afastando, a matéria orgânica foi se misturando a partículas finas de argila, areia, calcário e conchas. A mistura deu origem a uma grande camada de rocha sedimentar porosa, na qual ficou armazenado o material que, milhões de anos mais tarde, se transformou em petróleo.

Formou-se também uma camada de sal, com mais de dois quilômetros de espessura, que cobriu o denso depósito de matéria orgânica. No decorrer desses milhões de anos, o mar expandiu-se de vez e os sedimentos de rocha depositados sobre a camada de sal acabaram formando o leito do oceano Atlântico.

Soterrada abaixo desses gigantescos blocos de rocha e de sal, a matéria orgânica passou por enorme pressão, transformando-se, por fim, no petróleo da camada pré-sal. A quase 7.000 metros de profundidade, o óleo dessas áreas é bem mais puro: sofreu pouca ação de bactérias, que dificilmente sobrevivem à temperatura local de mais de 100 °C.

A camada de sal é impermeável, mas tem falhas geológicas. Através dessas fissuras, cuja porosidade é preenchida com água, parte do petróleo do pré-sal acaba subindo e fixando-se em bolsões da camada de rochas.

Em locais como esses é que se encontram algumas das jazidas de petróleo oceânicas já exploradas, como a da Bacia de Campos (RJ).

Como o petróleo vai ser extraído do pré-sal?
As reservas de petróleo brasileiras assentadas sob o pré-sal são estimadas entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris.

Broca usada para perfurar em busca de petróleo.
Fonte: imagens públicas do Google.

Sabe-se que pelo menos três áreas já analisadas – os campos de Tupi e Iara, na Bacia de Santos, e Parque das Baleias, na Bacia de Campos – guardam 14 bilhões de barris, o que faria o Brasil dobrar suas reservas e se transformar em um dos grandes países exportadores de petróleo, uma matéria-prima cada vez mais rara no mundo.

Tanta riqueza, porém, vem acompanhada de desafios tecnológicos. O petróleo do pré-sal está localizado em recantos de acesso dificílimo, distante cerca de 7.000 metros das plataformas.

A Petrobrás estima que, até 2020, terá de investir mais de 100 bilhões de dólares na extração – o total pode chegar a 600 milhões. O dinheiro será gasto, sobretudo, com a criação de tecnologias para tirar o petróleo de locais tão profundos.

Será necessário criar brocas eficientes o bastante para perfurar as rochas de carbonato de cálcio, onde o petróleo está armazenado. Para chegar até os poços, também é preciso fixar cabos de âncora para dar estabilidade à plataforma.

Fonte:

Ciências Humanas – Geografia 1 / Abril Coleções – São Paulo: abril de 2010. 

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