O surgimento da Biologia pela necessidade de sobreviver

A Biologia pode ser definida como o conjunto de todas as ciências que estudam as espécies vivas e as leis da vida. Mais particularmente, é o estudo científico do ciclo reprodutivo das espécies animais e vegetais, do desenvolvimento da vida individual, por oposição à fisiologia. Que estuda as leis constantes do funcionamento dos seres.

Imagem: Freepik.

O termo Biologia (bios + logos = estudo da vida) foi introduzido na linguagem científica somente no século XIX, por G. R. Trevianus, e divulgado por J.B. Lamark, embora os conhecimentos dessa ciência fossem, sem dúvida, muito anteriores.

Desde o período pré-histórico, mesmo sem se saber como as coisas funcionavam, conhecimentos biológicos com bases empíricas foram formados. Pela necessidade de sobreviver, o homem primitivo precisava caçar, e por isso conheceu diversas espécies de animais e plantas, das quais ele se alimentava.

Por meio da observação, ele conheceu o comportamento de algumas espécies animais e a época de frutificação de certas plantas comestíveis. A comprovação desse fato faz-se por meio das pinturas rupestres encontradas em cavernas.

As primeiras pesquisas na área da Biologia foram feitas a olho nu. Os escritos datados de 400 a.C., cuja autoria é atribuída a Hipócrates, “o pai da Medicina”, descrevem sintomas de doenças comuns e atribuem suas causas à dieta ou a outros problemas físicos, sem se orientar pelo misticismo.

Hipócrates, o pai da Medicina. Fonte: Imagens públicas do Google.

Acreditava-se, então, que a matéria era composta por quatro elementos (fogo, terra, ar e água), e o corpo humano, por quatro “humores”: sangue, bile amarela, bile preta e flegma. Dizia-se que as doenças eram causadas pelo excesso de algum desses componentes.

Na Grécia, conhecida como o berço das ciências naturais, a Biologia dá um grande salto pelas mãos do filósofo Aristóteles. Ele percebeu que a observação sistemática era a condição indispensável para compreender a natureza.

No século II d. C., o romano Galeano percebeu que somente a observação cuidadosa das partes externa e interna (esta, por dissecação) de plantas e animais não seria o bastante para compreender a Biologia.

Ele muito se esforçou, por exemplo, para compreender a função dos órgãos dos animais. Apesar de saber que o coração bombeava sangue, era impossível a Galeano descobrir, só por meio de observações, que o sangue circulava e voltava ao coração.

Ele, então, supôs que o sangue era bombeado para “irrigar” os tecidos e o novo sangue era produzido de maneira ininterrupta para reabastecer o coração. Essa ideia errônea foi ensinada por quase 1.500 anos.

Somente no século XVII, o inglês William Harvey apresentou a teoria de que o sangue flui sem cessar em uma direção, fazendo um circuito completo, e voltando ao coração.

Durante a Idade Média, o ritmo das investigações científicas aumentou significativamente. O trabalho iniciado por Aristóteles é ampliado por Lineu, que cria as categorias hierárquicas de espécie, gênero, ordem, classe e reino. Também cria um sistema de nomenclatura dos seres vivos, empregado até hoje com algumas modificações.

Uma ideia de origem comum da vida também passou a ser discutida com base em semelhanças entre seus diferentes ramos. Apesar do ritmo das investigações, a Biologia estacionou. Os olhos humanos já não eram suficientes para novas descobertas.

Com a invenção do primeiro microscópio, no século XVII, conceitos tradicionais sobre a vida seriam derrubados, dando um novo rumo à Biologia.

Foi a partir dessa descoberta que a teoria celular foi, então, formulada, em princípios do século XIX, por Schleiden e Schwann, que concluíram que as células constituem todo o corpo de animais e plantas e que, de certa maneira, elas são unidades individuais com vida própria.

Isso ocorreu na mesma época das viagens de Darwin e da publicação de sua obra A origem das espécies, sobre as teorias da evolução. As leis de hereditariedade de Mendel foram sustentadas e explicadas pela teoria cromossômica de Morgan.

Charles Darwin. Fonte: imagens públicas do Google.

Mesmo com a teoria celular, por razões físicas, o microscópio óptico não permitia a visualização de detalhes da estrutura da célula. Com a descoberta do elétron, em fins do século XIX, e com a invenção do microscópio eletrônico, décadas depois, estruturas subcelulares foram descobertas, como o orifício do núcleo ou a membrana dupla da mitocôndria.

Com o desenvolvimento do microscópio, foi possível desvendar alguns mistérios, permitindo a Crick e Watson descobrir a dupla hélice do DNA e do código genético, em 1954, marcando o início da biologia molecular e da genética experimental.

Hoje, a Biologia tem um papel fundamental para o mundo científico. Com o uso de computadores e algumas inovações experimentais, o homem chegou à descoberta da estrutura do DNA, desvendando princípios do funcionamento básico da vida.

Fonte:

Multimatérias. MAIA, Raul. LISTA, Eliana Maia. TUCCO. PAULA, Ivan de. ROSA, Karla Lista. São Paulo: DCL, 2006. 

- Veja também: 

Carbono, compostos orgânicos e a origem da vida 


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